Trabalhadores
e pequenos produtores rurais protestam em frente ao Palácio do Planalto
desde o final da manhã de hoje (4), ocupando a rua no local.
Provenientes de diversos estados nordestinos, os manifestantes pedem o
perdão das dívidas com o Banco do Nordeste.
Alguns
relataram ter feito os empréstimos há mais de dez anos e, sem condições
de pagar, devem até R$ 200 mil. Segundo os manifestantes, o banco
estaria tomando terras dos produtores rurais em desacordo com o Acórdão
834/2011 do Tribunal de Contas da União. O documento prevê que as
dívidas de, no mínimo, R$ 10 mil devem ser perdoadas. Conforme os
manifestantes, o próprio manual do banco estabelece uma série de medidas
para executar dívidas acima de R$ 15 mil, como apresentação de
históricos e justificativas, e que estariam sendo descumpridas.
Muitos deles contam ter sofrido ameaças e tiveram as
terras leiloadas por não terem pago os empréstimos. Os trabalhadores vêm
do Rio Grande do Norte, de Alagoas, de Sergipe, da Bahia, da Paraíba e
de Pernambuco têm histórias parecidas. Jonéas Antônio veio de Acarí
(RN). O pai dele pediu um empréstimo de R$ 84 mil há 13 anos. Hoje, a
dívida soma R$ 233 mil. Ele conta que perdeu mais da metade do gado com a
seca. "Se na época [do empréstimo] uma cabeça valia R$ 2,5 mil, hoje
não passa dos R$ 500".
Para simbolizar a seca, os trabalhadores empilharam
esqueletos de crânios dos animais em frente ao palácio. "Acham que só
tem desgraça longe, o Nordeste é o Haiti brasileiro. Queremos medidas
concretas para melhorar nossas condições", disse Fernando Melo, produtor
rural de Arapiraca (AL), que tem uma dívida de R$ 35 mil com o banco.
O secretário nacional de Relações Político-Sociais da
Secretaria-Geral da Presidência da República, Wagner Caetano, propôs
aos manifestantes uma reunião nesta tarde com os ministros do
Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, e da Secretaria-Geral, Gilberto
Carvalho. No entanto, ele disse que não houve consenso. "Eles têm muita
divergência entre si, não conseguem chegar a um acordo. Não dá para
receber todos, pedimos que formem uma comissão que os ministros estão
dispostos a recebê-los"
Até as 15h, os manifestantes continuavam no local,
interditando as pistas. Eles disseram que só sairão quando tiverem a
garantia de alguma medida efetiva. Eles devem se reunir ainda hoje com
os ministros.